quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

As religiões – as religiões abraâmicas

As duas últimas “partilha das quintas” tiveram como tese as religiões, subordinada ao tema as religiões abraâmicas. Três religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) que descendem da tradição semita e que têm na figura do patriarca Abraão o seu marco referencial inicial.

Pela dimensão do tema – as religiões abraâmicas - esta reflexão e partilha escrita não será uma comparação entre estas religiões, este trabalho já se realizou nas tertúlias, mas outras considerações relacionadas com esta tese, que a meu ver, são mais urgentes e pertinentes.

Desde sempre o Homem procurou e procura o Transcendente, o Sagrado, Deus. É uma questão intrínseca ao homem e universal, mesmo para aqueles que o negam. Na sua existência, particularmente nas “situações limite”, as pessoas interrogam-se sobre a existência de uma realidade que as transcende. Assim, ao longo da história, a humanidade procurou encontrar-se com o divino.

A religião, que pretende estabelecer o contacto entre o humano e o divino, é uma realidade estruturante das sociedades. É um fenómeno universal no tempo e no espaço, que está na base das culturas, da vida familiar e da vida social.

Cada religião tem as suas características próprias, a sua maneira de ser e os seus costumes. É essencial descobrir, respeitar e amar tudo o que de bom existe em cada tradição religiosa: o fundador, os livros sagrados, o culto, os ensinamentos, o desenvolvimento histórico e cultural.

Foi com este sentido de descoberta, com estes sentimentos de respeito e de amor que estudamos e comparamos as três religiões abraâmicas. Pois sabemos que, e desde sempre, cada religião traz consigo um enorme perigo; o do fanatismo, da intolerância e do fundamentalismo. Mesmo nos nossos dias, e infelizmente, assistimos e verificamos estes perigos. Ainda, recentemente, no Egipto, o pudemos constatar: um atentado a uma igreja copta em Alexandria e o aumento da tensão e violência entre muçulmanos e cristãos.

O verdadeiro sentimento religioso é o esforço de entendimento, respeito, diálogo e reconhecimento da dignidade do outro; não é fusão nem anulação. É necessário estarmos atentos aos movimentos religiosos para acolhermos o que dignifica o ser humano e rejeitarmos o que o diminui. E com certeza verificaremos, e com espanto de alguns, que a violência e a intolerância não dignificam o ser humano, e que aqueles que a propagam com em nome da religião o fazem erradamente.

Mesmo existindo divergências entre judeus, cristãos e muçulmanos, quaisquer que sejam, importa relembrar e realizar o desejo de João XXIII "Buscai primeiramente aquilo que une, antes de buscar o que divide". Torna-se cada vez mais pertinente fomentar a união e a caridade entre os homens considerando primeiramente tudo aquilo que estes têm de comum e os leva à convivência.

De acordo com as três religiões abraâmicas, temos todos origem em Deus (Deus Criador) e todos temos o mesmo destino último (Deus). Os homens constituem uma só comunidade. Face a esta unidade, a única atitude admissível é a da fraternidade entre todos os seres humanos. E como irmãos, porque filhos do mesmo Deus, mesmo que tenhamos ideias ou religiões diferentes, assentes no diálogo, só podemos estimar-nos, respeitar-nos, e compreender-nos mutuamente.

Carlos Reis Martins

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